29 de fevereiro de 2012

iHate HARVEY WEINSTEIN AWARDS


Chega ao fim uma das temporadas mais cansativas dos últimos anos. Na verdade, já é tão comum dizer isso após a cerimônia do Oscar que me pergunto se algum dia a Academia conseguirá mudar essa impressão mesmo com todos os prêmios precursores  - cujo número parece aumentar a cada dia. A última grande festa do Oscar que consigo lembrar foi em sua 81ª edição, a qual conseguiu passar pela previsibilidade das escolhas (QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?) e entregou um verdadeiro espetáculo em matéria de produção. O que se viu nos últimos três anos (incluindo a cerimônia do domingo) foi uma junção de algumas boas ideias com outras bem fracas, resultando num show inconstante e sem graça, para se dizer o mínimo. Talvez seja a hora de chamar Bill Condon novamente, mas vamos aos prêmios...

Tirando a vitória de Melhor Edição para OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES (merecidíssima, por sinal),  a maior surpresa da noite foi mesmo a vitória de Meryl Streep.  Tudo apontava para uma vitória de Viola Davis, por mais que dissessem o contrário, mas a campanha de Harvey Weinstein funcionou à perfeição. Aos 45 minutos do segundo tempo, vendo que Michelle Williams não tinha chance alguma por sua atuação em SETE DIAS COM MARILYN, Harvey apostou todas as fichas em Streep com anúncios que eram um verdadeiro tapa na cara da Academia (“Fazem 29 anos que Streep ganhou um Oscar e ela merece vencer por A DAMA DE FERRO”). Sem tirar o mérito da performance, para mim mais complexa e merecedora de reconhecimento que a de Davis, tenho minhas dúvidas se a atriz venceria com uma abordagem diferente de campanha como ocorreu com JULIE & JULIA e DÚVIDA.
A vitória da atriz foi um ponto alto de uma cerimônia que confirmou o favoritismo de O ARTISTA e o poder de Weinstein, que ainda tirou do grande Paradise Lost 3 uma vitória para seu documentário sobre futebol americano UNDEFEATED (usando métodos nada louváveis numa categoria que supostamente não deveria ser tão influenciada dado o baixo orçamento das produções indicadas). Não só foi o Harvey Weinstein Awards, como todo o fim de semana parece ter acompanhado a tendência, dado a vitória de O ARTISTA em quatro categorias do Independent Spirit Awards, com Michelle Williams também sendo premiada como Melhor Atriz. O filme é um dos meus favoritos da temporada, mas sua inclusão aí é totalmente questionável pelo simples fato de não ser americano. Como Weinstein conseguiu incluí-lo na seleção, só Deus sabe, mas o fato é que algo está muito errado quando até uma premiação do cinema independente consegue ser tão influenciada assim.
Por fim, deixo uma amostra do "Seth Rogen apresentando o Indie Spirit Awards". Claro, não funcionaria no Oscar ("Without awards season we wouldn't know how much of a horrible bigot Brett Ratner is"), mas bem que a Academia poderia ser mais ousada em suas escolhas, né? (e por “ousada” não quero dizer chamar o James Franco para se vestir de mulher). Que venham Paul Thomas Anderson e Quentin Tarantino ano que vem (pra perderem pra Jason Reitman ou alguém desse tipo).

2 comentários:

  1. Você acha mesmo que a escolha de Meryl Streep foi uma surpresa - "a maior" - de toda a noite?

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  2. Apesar de toda essa "pressão" de que Meryl merecia o Oscar, eu apostava em Viola Davis. Mas esse ano o lobby de WEINSTEIN venceu!

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