20 de dezembro de 2011

iHate AWARD SEASON


Existem dois tipos de comentários que parecem unânimes em sites/blogs/revistas analisando o cinema em 2011: o primeiro é que foi um ano fraco; o segundo é que esse foi o ano da nostalgia. Discordo do primeiro e concordo em parte com o segundo.

Dizer que um ano em que diretores do calibre de Spielberg, Scorsese, Almodóvar, Woody Allen e Terence Malick entregaram excelentes trabalhos foi fraco é, no mínimo, falta de visão. Acredito que esse tipo de comentário se dê menos pelos filmes em si e mais pela própria dinâmica da temporada de prêmios de 2011. Diferentemente de anos recentes em que tivemos um ou dois filmes polarizando a disputa (ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ, QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?, O DISCURSO DO REI) esse ano não existe um franco favorito para a award season que vai terminar sua maratona com o Oscar. Por esse fato, muitos críticos teimam em dizer que esse ano não houve nenhuma futura obra-prima. Como esse tipo de definição só é possível com o passar do tempo, prefiro dizer que 2011 foi um ano de diversos filmaços.


Uma temática, contudo, parece ter sido a mais relevante para o cinema em 2011: a busca pelo passado, seja para reconstruí-lo, elogiá-lo ou simplesmente usá-lo como pano de fundo. Do darling francês O ARTISTA ao patriotismo de CAPITÃO AMÉRICA, do "cinema de arte" família de HUGO aos anos 60 cool de X-MEN PRIMEIRA CLASSE, houve uma presença substancial de um veia nostálgica na produção cinematográfica mundial. Desses exemplos, o filme que melhor discutiu isso na forma e no conteúdo foi MEIA-NOITE EM PARIS, com sua viagem fantástica pela "geração perdida" dos anos de 1920.

E é exatamente a obra mais absurdamente nostálgica de todas, O ARTISTA, que desponta como favorita para o Oscar 2012: um filme francês, em preto e branco, e sem falas. A maioria das associações de crítica dos EUA elegeu O ARTISTA como melhor filme do ano, apesar de algumas reclamações de que o diretor Michel Hazanavicius tenha apenas estendido um mero artifício para realizar um longa-metragem. Mas não podemos negar o fato de que O ARTISTA, por mais adorado que seja, é um filme francês - e o Oscar, mesmo quando parece gostar muito de um filme não-americano (como no caso de A VIDA É BELA ou FALE COM ELA), prefere premiar a prata da casa na categoria principal.

Se um filme francês falando sobre o passado do cinema americano pode ganhar o Oscar, o mesmo pode se dizer de um filme americano falando do passado do cinema na França - o caso de HUGO, de Martin Scorsese. O Oscar não gosta muito de filmes para crianças (por mais maduros que sejam), mas o prêmio para melhor diretor é uma possibilidade séria para Scorsese. Acho difícil Hazanavicius ganhar o prêmio de diretor com papas do cinema americano (além de Scorsese, também Spielberg, Eastwood, Allen, Malick) tendo lançados filmes no mínimo interessantes em 2011.

Alexander Payne também está no páreo com OS DESCENDENTES. O Oscar ama George Clooney e Payne é um dos grandes diretores da nova geração, além de ter todo o apoio da crítica. Talvez o filme seja um tanto amargo para o Oscar, mas não dá para descartá-lo.

Desde que foi lançado, minha aposta para melhor filme esse ano é HISTÓRIAS CRUZADAS, que tem vários ingredientes que a Academia adora: história de superação, sucesso de bilheteria, elenco simpático e competente, e filme racista que faz as pessoas se sentirem bem (vide CRASH). Se o filme ganhar o prêmio de ensemble no SAG, acho que pode se tornar o favorito.


Falando sobre as categorias de atuação, parece que tanto para ator quanto para atriz principal quatro indicações já são certas. Para os homens, temos Leonardo DiCaprio (J. EDGAR), George Clooney (OS DESCENDENTES), Brad Pitt (MONEYBALL) e Jean Dujardin (O ARTISTA). Para as mulheres, temos Glenn Close (ALBERT NOBBS), Meryl Streep (A DAMA DE FERRO), Viola Davis (HISTÓRIAS CRUZADAS) e Michelle Williams (MY WEEK WITH MARYLIN).

Se isso se confirmar, temos apenas uma vaga em cada categoria - que pode ir para Gary Oldman (O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS), Michael Fassbender (SHAME) e Ryan Gosling (DRIVE ou TUDO PELO PODER) na seção masculina enquanto Tilda Swinton (PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN), Rooney Mara (O HOMEM QUE NÃO AMAVA AS MULHERES), Charlize Theron (YOUNG ADULT) e Elizabeth Olsen (MARTHA MARCY MAY MARLENE) disputam entre as mulheres.


Na categoria masculina, tudo vai depender do quanto a Academia gosta de O ARTISTA, já que temos três dos principais galãs da Hollywood atual (Clooney, Pitt, DiCaprio) competindo, e dar um prêmio para um francês realmente seria um feito. Na categoria feminina, a grande questão é Meryl Streep - dessa vez vai? Parece que o duelo com Glenn Close não se confirmará, já que ALBERT NOBBS não teve boa recepção. Resta Michelle Williams, que tem chances reais de ganhar: faz uma cinebiografia, foi indicada já duas vezes (uma sendo ano passado) e, especialmente, é jovem - espécie de condição para um atriz ganhar o Oscar de melhor atriz. Contudo, essa regra tem exceção para grandes damas (Helen Mirren que o diga). Será que Meryl Streep também quebrará essa regra?

Ah, e não nos esqueçamos que esse ano o suspense para o Oscar é ainda maior, já que a quantidade de filmes indicados não é pré-determinado - podem ser um número entre 5 e 10 filmes.

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