25 de dezembro de 2011

iHate TOP 10 MOVIES 2011

Vi muitas produções interessantes esse ano - algumas bastante densas, e outras abraçando o entretenimento de forma inteligente.

Abaixo, minha lista de melhores filmes de 2011.

10- TOMBOY


Um filme que surpreende pela aparente leveza infantil com que discute algo tão denso como a formação da identidade de gênero. A atuação da menina Zoé Héran é de uma sutileza impressionante, menos pela forma com que lida com o universo masculino e feminino, e mais pela delicadeza com que estabelece a relação com sua irmã no filme. Longe da panfletagem, TOMBOY é um filme que não levanta bandeiras para que possamos nós mesmos decidir pelas nossas.

9- MEIA-NOITE EM PARIS


Num ano em que a nostalgia esteve tão em voga no cinema, Woody Allen retorna ao bom cinema com essa ode a Paris. Imagens de cartão postal à parte, Allen constrói não só um estudo sobre a nossa necessidade de aprender com o passado (por mais que estudiosos contemporâneos digam o contrário), mas também sobre a maneira que a arte hoje pode ser interpretada. Só a homenagem à "geração perdida" dos anos de 1920 já é suficiente para colocar o filme em qualquer lista de melhores do ano.

8- O ABRIGO


Em um ano de profunda crise econômica nos EUA e Europa, O ABRIGO metaforiza os principais anseios do antigo primeiro mundo através de uma história que mistura apocalipse e esquizofrenia. As sequências de pesadelo do personagem de Michael Shannon (excelente como sempre) são de gelar a espinha.

7- HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 2


O fim da série mais rentável de todos os tempos ultrapassou todas as expectativas. Como filme de ação é vibrante; como drama, tem momentos sensíveis sem serem apelativos; e como trabalho de elenco, não existe filme com mais gabarito esse ano. A fragilidade da atuação de Daniel Radcliffe, que em alguns momentos da série prejudicou, foi um inesperado ponto positivo nesse final. E o flashback do Snape é um show de delicadeza.

6- SUPER 8


Mais um exercício de nostalgia, só que dessa vez bem específico: uma emulação do cinema de Steven Spielberg dos anos de 1970/1980 pelas mãos de J.J. Abrams. O resultado acabou sendo não só uma homenagem a Spielberg mas também ao cinema, onde aventuras dignas da Sessão da Tarde são o pano de fundo para o amadurecimento de toda uma geração. Entre aliens reais e zumbis imaginários, SUPER 8 é um exercício de metaficção que encanta pela profunda leveza com que lida com temas sobre o amor, a morte e a esperança.
  
5- A PELE QUE HABITO


Quem diria que trabalhando com um cinema de gênero Almodóvar faria um de seus melhores filmes? Retomando a parceria com Antonio Banderas e Marisa Paredes (excelentes, a Marisa eu consegui tietar durante o Festival do Rio), o diretor espanhol - em meio a elementos do horror e da ficção científica - cria uma trama de amor e vingança tão repleta de simbolismo que a cada exibição revela uma nova nuance. Assim como a música e as artes plásticas em vários de seus filmes, em A PELE QUE HABITO também se mostra como terreno onde discursos conflitantes entram em colisão. As referências abundam (CIDADÃO KANE, UM CORPO QUE CAI), mas ainda assim a assinatura de Almodóvar é inconfundível. Mais uma obra-prima do diretor que não sabe fazer filmes ruins.

4- A ÁRVORE DA VIDA


O vencedor de Cannes 2011 foi sem dúvida o filme mais comentado do ano. Partindo da complicada relação entre um pai de família com seu primogênito, o diretor Terence Malick tece uma jornada épica das origens do universo até o além-túmulo. Aparentemente hermética, é uma obra que toca fundo na maneira com que discute como o homem se relaciona como o próximo, com Deus e com o universo.

3- A SEPARAÇÃO


Um exercício de topicalidade que consegue ser universal, A SEPARAÇÃO usa a história de um divórcio, um homem com Alzheimer, uma cuidadora grávida e uma criança questionadora para (no Irã atual) ousar perguntar: o que é a verdade? O roteiro espetacular se desenvolver como drama mas também como filme de suspense, onde o espectador percebe que estar na posição de júri/investigador é mais difícil do que se imagina.

2- DRIVE


Filme de ação voltado para o público do cinema de arte, DRIVE traz uma história simples embalada em muito estilo. Nesse caso, a forma é o conteúdo, desde a atmosfera retrô à ótima trilha-sonora que mergulha na New Wave. Ryan Gosling e Albert Brooks tem formidáveis atuações em meio às mais belas sequências do ano.

1- WEEKEND


Nenhum filme mostrou com mais talento a complexidade das relações humanas do que essa produção independente inglesa com apenas dois atores, ambos em sua estréia cinematográfica. O diretor e roteirista e Andrew Haigh se utiliza de um estilo semi-documental para se infiltrar na vida dos protagonistas Russell e Glen e mostrar como, em meio a discussões sobre a cultura e o comportamento gay, existe toda um pano de fundo social e político.


Melhor ator: Michael Shannon em O ABRIGO
Melhor atriz: Elisabeth Olsen em MARTHA MARCY MAY MARELENE
Melhor ator coadjuvante: Jeremy Irons em MARGIN CALL
Melhor atriz coadjuvante: Elle Fanning em SUPER 8
Atuação mais subestimada do ano: Corey Stoll em MEIA-NOITE EM PARIS
Melhor roteiro: A SEPARAÇÃO
Melhor fotografia: O MORRO DOS VENTOS UIVANTES
Melhor edição: MARTHA MARCY MAY MARLENE

Maior decepção: UM MÉTODO PERIGOSO
Melhor cena: Teste com Elle Fanning em SUPER 8
Melhor cena inicial: A SEPARAÇÃO
Melhor cena final: WEEKEND
Melhor cena de morte: Sebastian Shaw em X-MEN PRIMEIRA CLASSE
Pior atuação em duas horas de filme: Keira Knightley em UM MÉTODO PERIGOSO
Melhor atuação em dois minutos de filme: Anjelica Houston em 50/50
Melhor abdômen: Ryan Gosling em AMOR À TODA PROVA

Frases do ano:
- "Soy Vicente." (A PELE QUE HABITO)
- "Nooooooooooooooo!" (PLANETA DOS MACACOS: A ORIGEM)
- "He has a particular proclivity to pyrotechnics." (HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 2)

Nenhum comentário:

Postar um comentário