DRIVE é um filme que grita sua ambição cult a cada
fotograma, o que pode dar uma sensação artificial algumas vezes, mas não
se pode negar que é esteticamente é uma das obras mais bem-sucedidas do
ano.
Dirigido por Nicolas Winding Refn, que causou furor com BRONSON há alguns anos, DRIVE é um exercício de homenagens visuais e narrativas (Michael Mann, Scorsese, Steve McQueen) bem diferente do pastiche mais direto de um Tarantino, por exemplo. Assim como as várias referências, o talento de Refn para compor um frame (e que frames!) saltam da tela.
Ryan Gosling (indiscutivelmente o melhor ator de sua geração e
que, depois de um hiato, está em inúmeros filmes esse ano) vive o
protagonista sem nome, um dublê de cenas de perseguição de carro que de
vez em quando faz bico em assaltos. Quando seu caminho cruza com o de
uma inocente vizinha (Carey Mulligan) e seu marido ex-presidiário (Oscar Isaac), ele entra numa espiral de crime e morte que mistura máfia, uma mala de dinheiro e até um garfo no olho.
Mala de dinheiro? Perseguições de carro? Ultra-violência? Pode parecer que DRIVE
é o seu tradicional filme de ação, mas Refn reveste todos os clichês de
produções desse tipo de uma estilização minimalista, onde o
enquadramento é calculado perfeitamente para realçar a sua beleza, mesmo
que às vezes um tanto mórbida. Em particular uma cena (foto) que envolve um
clube de striptease, papel de parede vermelho, mulheres semi-nuas e Ryan Gosling com um martelo é uma das coisas mais lindas do cinema recente.
O elenco todo é um refinamento só - não apenas Gosling em mais uma
grande atuação (minimalista como o filme), mas também a virginal Carey Mulligan (embora pareça que está sempre fazendo o mesmo papel) e Albert Brooks com um talento insuspeito para fazer um mafioso facínora. A trilha de Angelo Badalamenti (entremeada por canções synth-pop) dão ao filme uma atmosfera de sonhos que parece saída de um filme de David Lynch dos anos 80.
Filme imperdível, e um cult movie a espera de seus fãs.
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